Protagonismo jovem

Problemáticas atuais norteiam atuação da Pastoral Universitária Ecumênica

 por Camila Pires

Os problemas da sociedade, ligados a questões como justiça social e ambiental, política e economia, pautam a atuação da Pastoral Universitária Ecumênica (Pasune). O projeto foi instituído em 2011, na Faculdade de Tecnologia La Salle, em Estrela, por Edoarda Sopelsa Scherer (20) e Henrique Klein (21), jovens ligados ao movimento católico e à trajetória ecumênica. “O ecumenismo contempla práticas de diálogo comum com o diferente. Ao pertencer à mesma casa, devemos o respeito a todos. Ao reconhecer o outro, conhecemos melhor a nós mesmos”, destaca Edoarda.

De acordo com ela, a prática ecumênica considera a contribuição de cada um que acredita na capacidade de transformação e melhoria da realidade, a qual se encontra de forma diversa e longe de ser homogênea. “Assim, ser ecumênico vai além da compreensão de diálogo estritamente eclesial, mas passa a contemplar a discussão que paute direitos sociais e práticas concretas relacionadas à defesa de toda e qualquer dimensão da vida”, enfatiza.

A esfera acadêmica é o principal ambiente de articulação da Pasune, embora ela busque integrar-se a espaços sociais e eclesiais, nos quais a participação é aberta a qualquer pessoa que tenha interesse no tema. As linhas de planejamento e atuação se concentram, atualmente, em questões como justiça socioambiental, direitos humanos e defesa da vida. O Centro Universitário Univates, em Lajeado, é hoje o espaço protagonista de articulação da Pasune, tendo em vista que a maioria dos integrantes são alunos da instituição.

A acadêmica do curso de Letras, Karen Pires (29), participa da Pasune desde 2011 e explica o porquê do seu engajamento. “É a oportunidade de o jovem estar unido para debater novas ideias e planejar ações tanto para a comunidade acadêmica como para a externa”. Para Karen, a atualidade carece de lideranças nessa faixa etária, com potencial criativo e atuante. “O jovem de hoje parece que não pensa no coletivo, demonstra passividade e não externa o seu censo crítico. A Pasune vem para cativar esse público, para que ele possa usar da sua criatividade e versatilidade para a proposição de novas ideias”, salienta a estudante, acrescentando que a pastoral não quer impor a posição dos assuntos que aborda, mas proporcionar que eles sejam conhecidos e discutidos, com direções possíveis e objetivas de ação.

Vice-reitor e pró-reitor de Ensino da Univates, Carlos Cândido da Silva Cyrne enfatiza o aspecto da vivência do acadêmico com um movimento que vai além de questões já dadas como estabelecidas e certas. “A Pasune é uma iniciativa muito importante, pois possibilita aos jovens viver uma experiência que permite perceber que nem tudo no mundo é ciência, que existe transcendência”, destaca. Para Cyrne, o fato de a Pasune ser um projeto com vistas ao ecumenismo torna-se de um valor ainda maior, pois oportuniza a convivência dos diferentes credos com um mesmo objetivo, que é discutir a essência do ser humano. “Um outro aspecto relevante é que o movimento é conduzido pelos por acadêmicos, de forma voluntária”, completa. Mais informações sobre a Pasune podem ser encontradas no blog www.pasune-rs.blogspot.com.

Articulação para além-fronteiras

A Pasune articula a Rede Ecumênica da Juventude (Reju) no Rio Grande do Sul. Em âmbito Brasil, é representante da Rede Latino Americana e da Fundação Universal dos Estudantes Cristãos América Latina e Caribe (Fumec-ALC).

Além disso, a pastoral possui contatos e atuações em dioceses e com o Sínodo da região do Vale do Taquari. Tem o apoio da Faculdade de Tecnologia La Salle, representação no Centro Universitário Ritter dos Reis, em Porto Alegre, e no Centro Universitário Univates. A mais recente representatividade está em Bogotá, na Colômbia, a qual viabiliza parcerias com o Observatório Latino-Americano do Fato Religioso.